sábado, 8 de março de 2014

"Ao que me foi dado" - Assumindo a verdadeira identidade!

Se cansar no meio  da caminhada, é algo comum, não raro, todos em algum momento de suas vidas se vêem presos em questões, dúvidas, dilemas e etc. Os conflitos internos são constantes, o que poderia ter sido feito , falado, chances perdidas. A vida é realmente um mistério as ser descoberto a cada dia. Quando se acha que já viu, fez ou pensou de tudo, há sempre algo novo para se surpreender. Mas no meio disso tudo se descobre algo que venho pensando nesses últimos dias, vejam comigo a fala de Jesus no Livro de Lucas:

Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites.

 Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.

Eu fui confrontado com esse texto muitas vezes nesses últimos dias. Há um caminho, uma certeza. Mas a também a fé que foi implantada em cada um por medida. Para os que crêem, a Bíblia é clara em dizer que existem medidas de fé, a capacidade de se crer em algo mais ou menos. É como uma competição de respiração de baixo d’água, alguns vão resistir mais tempo que os outros, apesar de todos em algum momento terem que respirar. Fazendo uma relação com as escolhas que vão contra a nossa humanidade pura, ou pecado, como costumamos dizer, é preciso se considerar algumas coisas. É fato que alguns têm menos controle de seus atos, isso em várias esferas da vida, alguns se iram mais facilmente, alguns não conseguem ficar sem contar mentiras, é claro, tudo pode ser uma questão de se fortalecer e se encontrar buscando o bem, as coisas de Deus, e se aproximando daquilo que as Escrituras ensinam, mas é fato que alguns tem mais disposição para tal, para se doarem, para segurarem onda um pouco mais.

Sobre algumas pessoas existe uma responsabilidade maior (os artistas estão incluídos nisto), e Deus de inúmeras formas, deixa claro isto pra essas pessoas. De escolhas que apesar de tentadoras, este mesmo Deus dá condições e força para se assumir a postura certa e resistir um pouco mais. Vejam os artistas, são seres humanos com um dom de revelar coisas as pessoas, de tocar pessoas, de revelar de forma macro, aquilo que é micro e sem significado aparente. Os artistas tem uma responsabilidade nas mãos, e destes, será cobrado que transformem o que eles tem recebido de novidade em suas mentes em arte, e umas das conseqüências dos artistas que se escondem é a depressão, a frustração, tudo porque negaram sua identidade, o sentido de suas vidas.

Eu descobri que assim como nós artistas, nas vida real, há uma postura que precisamos ter diante do mundo, há um compromisso em seguir o bem, e a deixar que as escrituras cumpram seu papel em nossas vidas, algo que não dá pra se negar.

Ando em equilíbrio sim, mas as vezes deixo de fazer, falar e pensar coisas por que sei do peso da responsabilidade que está sobre mim, porque a mim foi confiado muita coisa. Ser cristão é também ser estranho e incompreendido, não tenha medo, assuma sua identidade!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Poesia 3 - Do corpo


Não de um momento que passa
De estar, de ser e sentir
Não de nascer para morrer
Mas ousa incitar-se
Em direção ao que não é seu

Assim é esta casa que sou
Me esquecendo enfim
Que esse desejo de fazer
Só se acaba na habitação
Do ser mais que divino
Do amor que não se mede

A alma então se completa
Na força da poesia
Ah meu Deus, não saia!
Fica, vive e transforma
Por que esta casa vazia não pode ficar!



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

As cartas e o Castelo

Aos que gostam de pensar na condição e na postura dos cristãos brasileiros, e que se importam em ter respostas coerentes  para os que nos indagarem a respeito da nossa fé e crença. Ouçam por favor. No Brasil a estética espiritual é algo realmente invejável, tudo é muito bonito e aparentemente sadio, as igrejas se preocupam muito em se manterem impecáveis, com pregações pungentes e músicas que fazem a moçada levantar as mãos, pular e etc. É tudo muito bonito, ninguém disse que não é.  De fato, os cristãos conseguiram achar o seu espaço, nós queríamos ser vistos pelo público , pela mídia, pela internet e conseguimos , agora todos sabem que nós existimos . Mas é de se pensar , o castelo que construímos, pelo menos em solo tupiniquim  é em parte importante, a música que nasce do ajuntamento eclesiástico teve papel importantíssimo nisso tudo, as chamadas músicas de adoração, fizeram com que o mundo voltasse os olhos para os cristãos do Brasil, mas a sociedade ainda faz perguntas que os cristãos não responderam, perguntas estas que só podem ser respondidas “lá no meio” ,lá onde ninguém precisa de ninguém, onde um aperto de mão e um sorriso não bastam, lá onde a esperança e o amor precisam ser vistos. Estas afirmações nos levam a pergunta: Quais são os alicerces desce castelo que construímos?  

Paulo, o Apóstolo, nos lembra em uma de suas cartas aos coríntios, de uma nova aliança, de uma nova postura em relação ao discurso que carregamos, não da letra, mas do espírito, não do discurso, mas da vida prática. E mais uma vez somos levados as canções compostas pelos cantores de maior exposição do meio cristão,  são canções com pouco compromisso em dialogar com os não cristãos, são canções que só se preocupam com estética, com uma linguagem exclusivista , não se preocupam em criar algo que reflita o que as pessoas consigam entender e assimilar.


O evangelho prático, tem haver com ser gente comum , amando , sentindo, e compartilhando de Deus com as pessoas de maneira natural. Vamos falar de esperança, de amizade, de almoço, de grama,de comportamento, de amor, de Jesus, da rua,  de paixões, e acima de tudo, vamos deixar nossa arte vir da nossa vida cotidiana e temperada com sal, quem disse que ela não é espiritual?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Lutando contra os rótulos musicais - Música para todos!

Como seria viver em mundo onde não houvessem rótulos ou títulos? O fato é que o ser humano é desde de sua origem um nomeador de coisas, Gênesis explica bem esta questão, contudo, no passar dos anos, o homem passou a nomear não só a fauna e a flora  para facilitar sua comunicação e cognição, mas também conceitos, momentos, atitudes, pessoas, tipos de pessoas, doenças e por ai vai. Problema algum dar nome as coisas, mas começa a haver um ruído quando o que se defini ou instrumentos argumentativos para se definir algo, são falhos e não ajudam nem na comunicação, nem para que se pense a respeito.

No mercado musical, temos exemplos bem claros, de como os rótulos podem ser  um problema. Os críticos adoram rotular essa ou aquela particularidade musical de determinado artista, como se houvesse a necessidade de enquadra-lo em um nicho, para também com isso direcionar o perfil do mercado e fazer com que as pessoas sejam condicionadas a consumir uma música que nem gostam ou que nem gostam tanto assim. Os estilos musicais estão ai, defini-los musicalmente é algo até muito sadio, existem os que preferem o peso e a distorção da guitarra e outros que preferem ritmos mais suingados e percussivos. Mas claro, isso tudo só funciona, se definirmos musica usando parâmetros musicais, os critérios para se criticar uma música devem ser puramente musicais, afinal, o que mais pode ser usado para se criticar um artefato artístico do que o próprio artefato artístico?

Pensemos. De maneira muito resumida, uma música possui três características que podem ser claramente identificadas: melodia (instrumentalização, construção melódica), ritmo (batida, velocidade) e poesia (letra, discurso e etc.). Sabendo dessas três características muito básicas, podemos começar a identificar questões importantes, se sabemos quais são as características de uma música e os parâmetros para defini-la, definir música usando parâmetros externos seria mudar o conceito de apreciação musical, reduzindo a obra do autor. Afinal, se o sofá foi feito para se sentar, porque insistimos em deitar sobre ele?

Considerando tudo isso, podemos chegar ao ponto que queremos. Há uma anomalia no mercado musical brasileiro que nasceu nos grandes ajuntamentos eclesiásticos, de músicos que quiseram levar sua “música de igreja” para o palco, sem almenos considerar as peculiaridades do palco. Quiseram transformar o palco em um púlpito. O que se dizia: “ Por que não levar nossa música “legal” da igreja para fazer um show? Chamamos esse palco de altar, e o público de igreja”. A ideia parece muito boa e evangelística, mas a verdade começa a vir a tona quando se vê que nomear coisas segundo a sua própria necessidade, gera uma serie de problemas, alguns deles irreparáveis. Estamos falando Do mercado gospel, que passou a usar do argumento religioso para definir musica, desconsiderando quase todos os parâmetros básicos para se defini-la, construindo um tipo de mercado que só pode gerar idolatria, pois não pode ser sustentado de outra forma, por que o gospel é um mercado que discursa sobre o mercado, por mais que se defenda princípios cristãos, citações bíblicas, ele faz parte de um mercado egoísta, segregador e muitas vezes preconceituoso. Coca-Cola não e água e o gospel não é igreja.


Muitos se assustam ao verem afirmações como esta, muitos se questionam “Afinal de contas, sou cristão e não tenho mais o gospel, eu tenho o que então?”. Calma, respire, e comece a pensar, precisamos passar por um processo de reeducação de apreciação musical, esse processo é longo e demorado, pode levar muitos anos, mas disso falamos depois. Agora o que precisamos é começar a apreciar uma canção como ela deve ser apreciada, não estou dizendo para ninguém parar de escutar músicas que se originam da igreja, a intenção não é ditar regras, mas mostrar como o nosso Deus é bom em deixar que todos possam criar com liberdade, e que essa liberdade nem sempre tem haver com libertinagem, a confissão de alguém não é fator definidor da qualidade completa de determinada obra musical, seus ouvidos não vão cair, você não está em pecado, muito menos poluindo seus ouvidos. Se entendemos a Boa Nova, teremos a prudencia de reter o bem das coisas e termos critérios para apreciar determinada canção, sem preconceitos ou julgamentos. O meu desejo é que possamos viver em um mundo onde se entenda que música não é religião, que confissão religiosa não é letra, que poesia não é reprodução de um discurso, que possamos aprender a enxergar que na integralidade do mundo que o Deus único criou para nós, serve para que possamos ser humanos de fato e nos relacionarmos com a sua criação e isso tem tudo haver com música.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Ser ou não ser?

Há algum tempo a igreja brasileira tem passado por transformações, alias, transformações e adaptações tem sido a tônica de nossas igrejas desde os tempos do império, algumas para o bem e outras nem tanto assim, mas esse processo é constante em nossas igrejas. Porem, o fenômeno que estamos vivendo hoje é algo no mínimo preocupante: a “gospelização” da igreja! Mas o que seria isso? Bem, o fato é que estamos deixando de ser cristãos para sermos gospel, isso mesmo, a influência do “gospel”, ou da cultura gospel, tem se tornado algo prejudicial na igreja brasileira! Essa cultura fez com que a igreja se fechasse em uma bolha, totalmente alienada do mundo la fora, alheia ao que acontece no cotidiano. Isso se deve muito ao fato de que ser um cristão tem sido deixado de lado! Já que e essência do cristianismo esta no compartilhar, como vamos compartilhar algo se estamos fechados em nosso “mundinho gospel”, no qual eu canto, danço, pulo, grito, choro, rolo no chão e etc, claro, tudo isso é muito bom, mas só isso é muito pouco. Em que dose nossas experiências com Deus tem impactado a realidade fora da igreja?

A julgar pela quantidade de “experiências” vividas hoje, a cidade de Juiz de Fora já deveria estar plenamente alcançada pelo evangelho, não quero dizer com isso que o evangelho não esta sendo pregado, muito pelo contrario, mas o que quero dizer é que o que se vive dentro da igreja fica La dentro, não é compartilhado, não transborda. A impressão que se dá é que somos vários vasos furados, que ao mesmo tempo se enchem, mas imediatamente se esvaziam! Parece que vivemos duas vidas, no domingo é tudo uma maravilha “só vitória”, mas na segunda... tudo é deletado e nos tornamos outras pessoas, incapazes de fazer a diferença na vida de alguém, sem condições de conversar sobre qualquer assunto e fazer prevalecer nossa raiz cristã, somos engolidos. Nos isolamos em nosso grupo “gospel” e conversamos sobre nossas coisas, não nos misturamos, e quando assim fazemos, nem parece que somos cristãos! Ser um cristão esta muito acima da cultura gospel, ela não deve ditar as regras, mas sim as Sagradas Escrituras, não devemos nos isolar e guardar só para nós aquilo que Deus tem feito, até porque o próprio Jesus sempre estava no meio do povo, nunca isolado, sempre disponível onde quer que estivesse!

A essência do cristianismo esta no compartilhar! Portanto, viva uma vida plena, faça com que suas experiências com Deus sirvam de inspiração a outros, não tenha medo de se relacionar, compartilhe o amor a paz e a esperança! Lembre-se você é um Cristão!


Thiago Celeste 
(baixista da banda Carta de Rua)


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Brasil e "O evangelho da Matrix"

E mais uma vez aquele antigo discurso ressoa, mais uma vez aqueles brados, mais uma vez aquela gente toda....

Ao fazer uma reflexão sobre a identidade do cristianismo somos surpreendidos com uma série de ruídos e equívocos que vem perdurando e desconstruindo a imagem que o próprio Deus quer refletir em seu povo.  Em uma conversa muito da interessante com uma amiga, chegamos a conclusão sobre certas características desse “quase” que vivemos na fé cristã brasileira. Além de todos aqueles problemas de identidade, essa nossa mania de referenciar espiritualidade apenas com experiências subjetivas e de não deixar com que as escrituras nos mostre qual o nosso papel no meio do mundo de maneira prática, conseguimos identificar um fenômeno que não é novo, mas que é interessante para entendermos a qualidade do cristianismo que temos vivido no Brasil.
 Já ouviu por ai frases como:  “Quero estar além do véu.” “Leva-me a um lugar que eu não conheço...” Não se assuste, eu também já disse essas frases algumas vezes. Problema algum, se considerarmos que a vida espiritual não se resume a vida devocional, que essa “outra realidade” que muitos tem procurado, não revela por completo aquilo que o próprio Deus nos criou para ser. Aqueles que sabem se relacionar com o mundo e que estão envolvidos com ele em todas as esferas de convivência,  que levam a Boa Nova no ato cotidiano.

Chamamos de “ O evangelho da Matrix”. Este filme conta a história de pessoas que são ligadas neuralmente a uma especie de máquina chamada “Matrix”, que os leva a uma outra realidade. O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que muitos tem dividido sua vida em duas realidade opostas, assim como no filme,  as experiências vividas em alguns templos (algumas cada vez mais místicas), muitas delas tem confundido a cabeça das pessoas e as fazendo achar que a vida se resume a este “mundo espiritual”. Em João 17.15, Cristo nos revela sobre a importância de considerarmos esta nossa realidade que o próprio Deus criou para que vivêssemos, “Não quero que vos tire do mundo...”. Jesus quase sempre usou esta nossa realidade para falar sobre coisas espirituais (nas parábolas), não duvido que há uma realidade eterna, invisível, com seres eternos e que vai além da nossa compreensão  mas, as escrituras não nos diz para estarmos em condição de fuga dessa realidade e das coisas deste mundo, pelo contrário, ela nos diz para viver uma vida comum e refletir nos nossos atos cotidianos essa Esperança (1 Co.10.31), dando glórias a Deus em todos os nossos ofícios.

Precisamos entender que o templo não é sagrado, que o mundo não é profano, as escrituras não conhecem tal dicotomia, mas que tudo é sagrado, porque tudo foi criado com o intuito de glorificar o próprio Deus, o que tira o foco da real projeção da realidade é a corrupção humana, como diz Chesterton em “Ortodoxia”, a vida é como uma grande corda criada por Deus, ele fez a corda, e o pecado são como nós no meio dessa corda, apesar desses nós, a corda continua lá, do jeito que foi criada, Deus não perdeu o controle da realidade, cabe a nós conhecermos este mundo como um todo, conhecermos sobre o que a Bíblia diz dos valores eternos no meio do mundo.

Ele não nos tirou deste mundo, pelo contrário, ele quer que  estejamos envolvidos sem nos deixar envolver.

Para subverter o mal com a verdade é preciso conhecer que Deus é o dono desta realidade. Quer mudar o mundo? Saia da “Matrix” e reconheça que ser espiritual é conseguir refletir o amor e a razão da nossa esperança para as pessoas no meio do mundo.


Paz e Esperança